Entrevista com o Psicólogo e Coach Ghoeber Morales

Nos últimos anos o famoso Coaching se tornou uma verdadeira “coqueluche” no mundo todo e também no Brasil. O que começou dentro das organizações, agora está por todo lado, e mesmo quem não sabe exatamente o que significa já ouviu esta “palavrinha mágica” em algum lugar.
E verdade seja dita: A empolgação com a prática tem sido tão grande que hoje vemos pessoas sem qualquer conhecimento prévio sobre comportamento fazerem uma formação e se proporem a “transformar vidas” ou levar os outros a “atingirem seu potencial máximo”.
Mas o que nós, psicólogos, temos com isso? Em minha humilde opinião, apenas o fato de sermos os profissionais mais bem preparados tecnicamente para lidar com o comportamento humano, já estudamos no mínimo 5 anos para isto.
Por isso, para provocar uma reflexão saudável sobre o assunto, convidei o Psicólogo e Coach Ghoeber Morales para falar conosco sobre o assunto. Ghoeber, é nosso trainer da Formação em Coaching Psychology e como já tem uma carreira de sucesso nas duas áreas, ele pode discorrer com propriedade sobre as intercessões e diferenças entre o trabalho de Coaches e Psicólogos.
Importante: o objetivo não é dizer que mudanças comportamentais sejam um trabalho exclusivo do psicólogo, mas lançar um olhar crítico sobre as possibilidades desta prática que, apesar de não ser nova, está mais “na moda” do que nunca.
Sugestão: pegue um lanche que a entrevista é longa. Mas vale a pena!
Bruno Soalheiro
1- Ghoeber, para começar, pode nos contar um pouco sobre você e sua escolha pela psicologia? O que te levou a buscar esta área?
Bruno, eu costumo brincar que “eu sou do tempo da Silvia Poppovic”! (Risos). Ou seja, durante minha adolescência eu costumava assistir com minha mãe e irmãos ao programa de entrevistas dela, que continha muitos temas sobre comportamento.
Além disso, eu sempre fui muito estimulado, em casa, a investigar sobre as causas de uma pessoa agir de determinada maneira. Era comum conversas de família sobre isso, desde assuntos do tipo “por que será que o vizinho não foi à festa?”, até perguntas sobre o meu próprio comportamento. Fui estimulado a me observar e isso também ocorria em relação aos outros.
Portanto, este interesse genuíno por pessoas e pelo que elas fazem me acompanha desde cedo. A Psicologia, particularmente a profissão de terapeuta, se encaixava com este meu perfil. Cheguei a pensar em fazer Comunicação Social também, pelo meu interesse por TV, mas a Psicologia falou mais alto e no fim das contas eu penso que acertei em cheio!
2- Eu te conheço pessoalmente, e sei que seu consultório está sempre movimentado. Sabemos que esta não é a realidade da maioria dos psicólogos, então pergunto: O que, em sua opinião, contribui para esta procura?
Olha, lendo seus textos e vendo suas dicas (as quais, aliás, acho muito pertinentes), acho que sou uma daquelas exceções que você comenta, pois eu nunca tive um nicho específico e comecei como muitos colegas de profissão começaram: encomendando 1.000 cartões e distribuindo entre as pessoas conhecidas, que na verdade no meu caso eram muito poucas, pois me formei aqui na UFMG e por não ser da cidade todos os meus amigos também eram psicólogos. Então eu não tinha muito para quem distribuir meus cartões.
No meu caso, algo que ajudou muito foi, em minha opinião, desde o início do curso ter focado na área de psicoterapia. Todos os meus estágios foram “apenas” nessa área. Desta forma, meus colegas de turma e também os professores foram me vendo como alguém de fato apaixonado pela psicoterapia. Eu entrei no curso de Psicologia “para ser terapeuta” e durante a graduação me mantive firme neste sonho.
Claro que ao escolher todos os estágios em psicoterapia eu acabei não tendo contato prático com outras áreas (o que por um lado foi ruim), porém passei a ser visto de alguma forma como um “grande interessado” por psicoterapia.
Além disso, desde o terceiro período me identifiquei bastante com a Análise do Comportamento e passei a frequentar congressos desta vertente teórica. Isto foi me dando credibilidade perante alguns professores da área. Outro aspecto importante foi ter participado de grupos de estudo oferecidos por tais professores, o que me aproximou bastante de alguns deles, bem como ter participado da organização de jornadas científicas ao longo de todo o curso, em algumas delas apresentando trabalhos.
Outro ponto fundamental para ir construindo uma reputação ainda enquanto estudante foi ter participado do Programa de Iniciação Científica durante a graduação, estreitando ainda mais os laços com professores e pesquisadores, alguns deles também terapeutas.
Assim, ao me formar, estes professores já me viam como um profissional interessado e competente, dado os resultados que eu fui construindo ao longo da graduação. Com isso, muitos deles me indicaram clientes que, por um motivo ou outro, eles não podiam atender. Isso tudo foi fundamental para eu consolidar minha carreira como terapeuta aqui em Belo Horizonte.
Outro ponto que acho importante comentar foi o fato de eu ter escolhido deliberadamente não me mudar de Belo Horizonte logo após eu me formar. Eu prestei a prova de Mestrado na PUC/São Paulo assim que me formei. Passei em segundo lugar e por isso ganhei bolsa integral, o que me exigia morar em São Paulo para dedicar-me exclusivamente ao mestrado. Como eu queria formar uma clientela em Belo Horizonte, recusei a bolsa e fiquei com uma parcial, que me permitia ir e voltar toda semana de São Paulo, para que eu pudesse então ir construindo, aos poucos, uma clientela aqui em Belo Horizonte.
Além desta construção toda (que obviamente ocorreu lentamente, ao longo de 11 anos), o fato de eu ter sido professor na graduação e pós-graduação é um ponto positivo e que me ajudou a construir essa clientela. Mas na minha opinião, depois de um tempo o que mais contribui mesmo é o famoso “boca-a-boca”, com um cliente indicando o outro, de forma natural, em função do trabalho desenvolvido.
3- Você tem um posicionamento super interessante, pois se coloca como Psicólogo e Coach. De onde veio esta ideia, e você tem demanda para os dois serviços?
Após ter passado por apenas algumas sessões de Coaching, com a psicoterapeuta e coach Alda Marmo, eu percebi o quanto este processo poderia ser transformador na vida de uma pessoa e decidi que me tornaria um. Então a ideia de me tornar coach ocorreu de forma muito natural.
Eu já estava internamente num processo de mudança, insatisfeito com algumas questões profissionais relativas à docência e, após poucas sessões, tomei decisões importantes e que mudariam o rumo da minha vida.
Em 2013, decidir deixar de ser professor e fiz 3 formações em Coaching: Coaching de Vida Pessoal e Profissional (Sociedade Brasileira de Coaching), Coaching Executivo (NetProfit) e o Master Coaching (Center for Advanced Coaching, USA). De lá pra cá tenho oferecido, portanto, tanto os serviços de Psicoterapia (iniciados em 2004) quanto os de Coaching.
E sim, tenho demanda para ambos os tipos de serviços. E posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que o fato de eu também ser terapeuta ajuda bastante na procura pelos serviços de Coaching.
Vale destacar que uma vantagem do serviço de Coaching é que ele pode ser realizado online, o que facilita muito pois acaba com as barreiras do atendimento presencial que a psicoterapia exige. Então, com a divulgação nas redes sociais, tem havido muita procura pelo serviço de Coaching por pessoas de todo o Brasil. Já atendi pessoas residentes nos estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Inclusive, a procura por Coaching na cidade de São Paulo foi grande o suficiente a ponto de eu ter aberto, no início deste ano, um espaço para atendimento presencial na capital.
Desta forma, atualmente ofereço os serviços de Terapia e Coaching presencialmente em Belo Horizonte, Coaching presencial na cidade de São Paulo e o Coaching Online de acordo com a demanda, independente do local onde a pessoa reside. Tenho o prazer também de contar com uma equipe composta por mais 3 terapeutas comportamentais, (sendo que um deles também tem formação em Coaching), que realizam atendimento sob minha supervisão.
E sim, tenho demanda para ambos os tipos de serviços. E posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que o fato de eu também ser terapeuta ajuda bastante na procura pelos serviços de Coaching.
4- Sabemos que o coaching trabalha com forte foco em desenvolvimento humano, e podemos dizer que psicoterapia também faz isto. Em sua opinião, qual a principal diferença entre essas duas formas de trabalho?
De forma breve, a Psicoterapia pode ser definida como um processo no qual uma pessoa tecnicamente capacitada (o terapeuta) ajuda o cliente (pessoa geralmente em sofrimento) a melhorar o conhecimento que tem de si mesmo a partir de uma análise de sua história de vida passada e presente.
Um dos principais objetivos da terapia é capacitar o cliente a compreender os motivos pelos quais ele se comporta da forma como o faz. As análises e interpretações feitas pelo terapeuta, juntamente com o cliente, permitem compreender o sofrimento vivenciado pelo cliente, bem como planejar intervenções que ampliem seu repertório comportamental para que ele possa lidar com as situações da vida de uma maneira mais segura e ter uma vida mais feliz.
Esta análise detalhada é importante para entender as diferentes funções que um comportamento tem na vida do cliente. A partir desta compreensão minuciosa é que são feitas intervenções terapêuticas. Desta forma, a Psicoterapia tem uma preocupação genuína em ajudar o cliente a entender os “porquês” dele se comportar de tal forma e, a partir deste entendimento, delinear junto com ele estratégias de mudança.
Já o Coaching é um processo com início, meio e fim preestabelecidos no qual, através de uma diversidade de ferramentas e técnicas específicas, um profissional habilitado (o coach) estabelece uma parceria com o cliente (o coachee) com o objetivo de potencializar seu desempenho para que ele atinja um determinado objetivo.
Através de procedimentos específicos e acompanhamento contínuo, o coach auxilia o coachee a se aperfeiçoar e aprimorar, chegando à “melhor versão de si mesmo”. Trata-se de um processo cujo principal compromisso é tornar o indivíduo mais motivado e preparado para assumir o controle de sua vida e, com isso, alcançar os resultados desejados.
Num processo de Coaching a preocupação com a história de vida e com os “porquês”, portanto, tem uma magnitude bem menor.
O interesse maior está na ajuda de levar o coachee (cliente) a alcançar um resultado específico. A história de vida tem um peso menor no processo, cujo foco é no futuro, no alcance de algo que seja extremamente importante para o cliente. Não que na Psicoterapia isto não ocorra, mas para atingir este resultado passa-se com detalhes pela compreensão e análise da história de vida para compreensão de porque o sujeito se comporta da forma como o faz.
Isto faz com que o “estilo de trabalho” de cada um dos serviços seja diferente.
No Coaching, a cada sessão a ideia é que o cliente esteja um passo mais perto de atingir seu objetivo. Ou seja, a cada sessão espera-se que ele tenha avançado, “subido um degrau” na escalada rumo ao objetivo final desejado. Há um comprometimento em se produzir resultados a cada sessão. Isto não ocorre, necessariamente, num processo de Psicoterapia tradicional.
Acho importante destacar que, em função do Coaching “estar na moda”, tenho recebido muitos clientes querendo passar pelo processo. No entanto, após uma avaliação inicial, fica claro que muitos deles ainda não estão preparados para isso, por conta de algumas questões na vida que trazem muito sofrimento e, que certamente, atrapalhariam no bom andamento do processo de Coaching.
Recebi uma moça, certa vez, que desejava alavancar sua carreira profissional e me procurou para fazer Coaching. No entanto, ela havia recentemente rompido um relacionamento afetivo longo, e o término havia sido muito conturbado. Sua rotina de vida estava, nitidamente, prejudicada por este término e ela ainda amava o companheiro. Ou seja, era fundamental ajudá-la primeiramente com esta questão antes que um processo de Coaching fosse iniciado.
Por isso, é fundamental que seja feita uma avaliação cautelosa para constatar se, naquele momento da vida da pessoa, um processo de Coaching é ou não pertinente. Em alguns momentos a melhor ajuda será, sem sombra de dúvidas, oferecer um processo psicoterapêutico. Neste sentido, penso que facilita muito quando o coach é, também, um psicólogo.
5- Existe uma certa “richa” digamos assim, entre a Psicologia e o Coaching. Muitos psicólogos entendem que há superficialidade no coaching, especialmente por causa da formação tão breve e sem muitos critérios, o que você acha disso?
Eu concordo plenamente. O Coaching, por ser uma profissão não regulamentada, se proliferou de forma descoordenada, em minha opinião. O que não significa que um coach com outra formação (que não a de Psicologia) não possa ser um excelente profissional, melhor inclusive do que muitos de nós, psicólogos e coaches.
No entanto penso que, à priori, um psicólogo com uma formação sólida certamente já sai na frente de uma pessoa sem a nossa base de conhecimentos a respeito do comportamento humano. Mas vale lembrar que são serviços distintos.
6- Eu costumo dizer que, de certa forma, os coaches se apropriaram de um “lugar” que poderia ser também nosso (dos psicólogos). Infelizmente as pessoas não associam a psicologia – e a psicoterapia – a desenvolvimento e crescimento, e sim a problemas emocionais. Qual sua visão sobre isto? Será que a psicologia pode ocupar este lugar mais positivo?
Sim, penso que devemos, cada vez mais, mudar o foco para aquilo que o sujeito tem de melhor. Porém ainda há, por parte da Psicologia, uma forte ênfase nos “problemas emocionais”. O que, a meu ver, de certa forma faz sentido, pois um dos objetivos da Psicoterapia é lidar com o sofrimento vivenciado pelo sujeito, acolher sua dor.
Mas penso que “parar por aí” é fazer muito pouco pelo bem estar das pessoas. Quando temos como direção a perspectiva da construção, do desenvolvimento e do refinamento, nossas ações enquanto psicólogos são muito mais produtivas.
No entanto penso que, à priori, um psicólogo com uma formação sólida certamente já sai na frente de uma pessoa sem a nossa base de conhecimentos a respeito do comportamento humano. Mas vale lembrar que são serviços distintos.
7 – Você mencionou que, embora qualquer pessoa possa se tornar um Coach, os psicólogos têm tudo para ser os melhores coaches. Pode se aprofundar um pouco nisso?
Claro! O raciocínio é “simples”. A gente passa cinco anos estudando o comportamento sob diferentes perspectivas e nuances. Isto já nos diferencia no sentido de ter uma compreensão ampliada e diversificada a respeito do ser humano.
Além disso, grande parte do repertório de um bom coach envolve habilidades (terapêuticas) que aprendemos, discutimos e treinamos exaustivamente durante as aulas e, principalmente, nos estágios curriculares sob supervisão. Infelizmente isto não parece ocorrer nas principais formações em Coaching existentes (pelo menos isto não ocorreu nas formações das quais participei, nem nas formações que alguns amigos fizeram).
Grande parte das perguntas feitas por alguns colegas não psicólogos durante as formações em Coaching que eu fiz envolviam, basicamente, questões relacionadas ao que denominamos tradicionalmente de vínculo terapêutico ou relação terapêutica. Assuntos sobre os quais já temos maior domínio.
Neste sentido, acho bem interessante a ideia de se ter uma formação em Coaching específica para psicólogos.
Com o background que já possuímos, participar de uma formação em Coaching numa turma na qual todos são psicólogos (e não numa turma com pessoas com diferentes profissões) seria uma experiência bastante enriquecedora.
Acho muito importante que cada vez mais nós psicólogos tenhamos conhecimento sobre ferramentas potencializadoras, como são muitas das ferramentas de Coaching. Isto sem dúvidas agrega valor ao nosso trabalho, amplia nosso arsenal de conhecimento e instrumentos terapêuticos. Mesmo para quem não deseja atuar como coach, penso que dominar algumas estratégias e ferramentas de Coaching pode auxiliar bastante no desempenho enquanto terapeuta.
8- Além do serviço tradicional de “consultório”, sei que você tem excelentes workshops, inclusive já participei de um. Como é que funciona isto, qual sua inspiração para criar estas experiências?
Eu penso que nós psicólogos, temos um conhecimento abundante e excepcional. E que devemos compartilhar o que sabemos das mais variadas formas. Não podemos ficar, em minha opinião, “engessados” nos consultórios ou nas faculdades falando um linguajar que apenas estudantes e profissionais entendam.
Penso que nossa Ciência só faz sentido quando atinge a população, quando ajuda as pessoas a construir uma vida com mais sentido.
Portanto, acho válida outras formas de divulgação do nosso conhecimento e expertise. Seja em forma de palestras, livros, posts nas redes sociais, podcasts, workshops, etc. Enfim, penso que nosso objetivo maior é levar conhecimento de forma acessível às pessoas que dele necessitam. Inclusive mostrá-las o quanto podem fazer bom uso do conhecimento que temos, pois muitas ainda não tem noção disso, em parte por nossa culpa, digamos assim. Por ficarmos fechados em “guetos”, “brigando” com os colegas de outras abordagens. Algo muito ultrapassado, em minha opinião.
Neste sentido, tenho me esforçado para dar visibilidade a tudo o que eu já aprendi até hoje e que acredito que possa ser útil na vida das pessoas.
Para isso, atualmente me utilizo das redes sociais para divulgar alguns posts instrutivos, bem como questionadores. E ofereço também um workshop intitulado “Eu Faço Acontecer”, que engloba uma série de conhecimentos e estratégias adquiridas ao longos destes 11 anos de prática. Além disso, ofereço uma palestra intitulada “Como construir uma vida com mais sentido” e sou colunista da Revista Top Magazine, escrevendo quinzenalmente em seu site (www.topmagazine.com.br).
9- Você é o "trainer" principal do novo produto da Academia do Psicólogo, uma Formação em Coaching exclusiva para psicólogos. Inclusive, você esteve num congresso em Harvard, com expoentes mundiais sobre o assunto. Pode nos falar mais um pouco sobre os objetivos desta formação e sua diferença para os psicólogos?
A Formação em Coaching Psychology tem o objetivo de contribuir com o mercado de Coaching ao ensinar a metodologia e ferramentas de Coaching para profissionais a priori especialistas em comportamento humano, dando assim a oportunidade de que mais pessoas possam se beneficiar de um processo tão transformador e com foco em resultados quanto é um processo de Coaching. Por se tratar de uma formação exclusiva para psicólogos, vamos utilizar todo o conhecimento e expertise já desenvolvidos durante a Graduação em Psicologia que cada participante tem, bem como suas possíveis experiências práticas no mercado de trabalho como psicólogo (independente de sua atuação e abordagem teórica) e agregar valor à Formação em Coaching.
Trata-se, portanto, de uma Formação em Coaching diferenciada das formações tradicionalmente ofertadas por acreditarmos que nós, psicólogos, temos muito a contribuir com a atuação de um coach. Afinal, tivemos contato com diferentes teorias psicológicas a respeito do comportamento humano e suas relações, estudamos os mecanismos de motivação e desejo, bem como já temos em nosso repertório habilidades essenciais para lidar com pessoas tais como empatia, escuta sem julgamento, boa capacidade de análise e de interpretação, dentre outras.
Ao mesmo tempo, aprender a metodologia do Coaching juntamente com suas ferramentas também agrega muito valor à nossa carreira como psicólogos. Sabe-se que um número cada vez maior de pessoas e empresas tem contratado coaches para ajudá-los a atingir resultados específicos e implementar mudanças significativas. Ter esta capacitação se faz importante também frente às novas demandas do mercado de trabalho.
A Formação em Coaching Psychology visa, então, aproveitar o que cada uma das diferentes áreas e abordagens em Psicologia e seus profissionais tem de melhor e oferecer uma formação que contemple teoria e prática alinhadas ao mesmo propósito: dar mais sentido à vida das pessoas, em seus mais diversos aspectos.
Acredito que o fato do profissional já ter uma série de habilidades e competências importantes para ser um bom coach faz com que possamos aproveitar o momento da formação para, além de ensinar técnicas, ferramentas e a metodologia do Coaching, aprofundar na discussão de qual, quando e como tais instrumentos podem ser utilizadas na prática do psicólogo. Ou seja, além de formar coaches, queremos ao mesmo tempo capacitar psicólogos com ferramentas práticas para sua atuação profissional (independente de atuarem como coaches).
Isto significa que, ao mesmo tempo que vamos capacitar psicólogos a atuarem como coaches, também vamos instrumentalizar psicólogos com novas ferramentas e técnicas que podem ser implementadas em seu campo de atuação profissional como psicólogo, a despeito da profissão coach.
10- Na Academia do Psicólogo, acreditamos que a psicologia, como profissão, não exibe todo o seu potencial justamente pelas crenças limitantes do psicólogos. Especialmente aquelas relacionadas a dinheiro e marketing (coisa que não é problema para o coaching). Pode nos dizer o que pensa sobre isto?
Pra mim, Marketing é uma ferramenta/plataforma/estratégia que torna possível termos mais visibilidade e levarmos todo o nosso conhecimento e expertise para o maior número de pessoas, em prol do bem estar delas. Dinheiro é, meramente, consequência do nosso trabalho.
O que ocorre, infelizmente, é que ainda existem pessoas (e sempre existirão) que se utilizarão do marketing com o objetivo primordial de ganhar dinheiro. Ou seja, penso que muitos de nós ainda tem dificuldade com o Marketing na Psicologia pelo fato de vermos seu “mau uso” (em minha opinião), fazendo com que vejamos pessoas vendendo serviços/produtos com objetivo único e exclusivo de lucro. Aí ocorre uma inversão: o lucro em primeiro lugar…
Então fica claro que a pessoa está ali com o desejo de “ganhar dinheiro em cima da gente” (falando em bom português). O desejo de ajudar não é genuíno.
Em minha opinião, quando este desejo de fazer bem ao outro é genuíno, quando se tem um produto/serviço que contribui com o crescimento da outra pessoa, o dinheiro vira apenas uma consequência. Nestas situações, fico com a ideia de que consigo cumprir com o que de melhor posso fazer para o meu cliente “e ainda sou pago por isso”. O raciocínio é o oposto!
Pra mim, Marketing é uma ferramenta/plataforma/estratégia que torna possível termos mais visibilidade e levarmos todo o nosso conhecimento e expertise para o maior número de pessoas, em prol do bem estar delas. Dinheiro é, meramente, consequência do nosso trabalho.
11- Por fim, que dicas você daria para os psicólogos que desejam uma carreira independente, seja através do coaching ou psicoterapia, mas ficam receosos com as possibilidades do mercado?
1) Se você ainda acha que precisa esperar o medo passar pra seguir em frente, desista! Ter uma carreira independente envolverá sempre, em menor ou maior grau, medo, frio na barriga, receio…Pode chamar do que quiser!
2) O mercado é a gente quem cria e constrói. Emprestando-me do título do meu workshop, é a gente quem “faz acontecer”. Ficar reclamando e lamuriando não muda em nada a situação.
3) Veja quais são seus valores e identifique se uma carreira independente está alinhada com eles. Se sim, “se joga”! Se não, “caia fora” (busque outras maneiras de exercitar a profissão, que não de forma independente, ou pelo menos não de forma 100% independente)!
4) Identifique seus “pontos fortes’ e explore-os. Identifique seus “pontos fracos” e cuide deles.
5) Encontre um “jeito de fazer” com o qual você se sinta confortável e faça sentido para você. Certamente você agradará aqueles que gostam do seu estilo. Estes se conectarão a você! Os outros… bem, os outros não serão seus clientes. Há espaço para todos!

Bruno Soalheiro
@BrunoSoalheiro
Bruno Soalheiro é graduado em psicologia, pós graduando (MBA) em inteligência Competitiva e Inovação e Marketing, e autor do livro “Psicólogo Empreendedor, tudo o que você não aprendeu na faculdade”, usado como referência em cursos de psicologia no Brasil. Gamer, fã de heavy metal e apaixonado por animais, atualmente mora em Belo Horizonte com seu cachorro Banzé e os gatos Oliver, Maia e Nino. Nas horas vagas implica com as pessoas e se questionas sobre as origens do universo.
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